para ler e ouvir:
apenas para esclarecer: sim, esta é a segunda newsletter da semana em que reclamo sobre cantoras loiras. se você for loira ou cantora, saia de perto de mim (a não ser que você seja a sabrina carpenter).
segundo dia de novembro e nada da avril lavigne lembrar que o disco under my skin faz 20 anos em 2024. este fato apenas evidencia o meu descontentamento com os rumos da carreira da eterna princesinha punk e eu tenho a plena convicção de que muitos fãs se sentem assim também. EU SOU A VOZ DO POVO!
como tudo isso começou? basicamente a avril lavigne andou meio sumida desde 2014, quando, além de ter feito um meet and greet constrangedor aqui no brasil, foi diagnosticada com a doença de lyme. cinco anos se passaram até ela voltar ao cenário musical completamente transformada. para seu sexto álbum de estúdio, head above water, ela adotou uma postura mais madura e nada condizente com aquela roqueirinha moleca e travessa que aprendemos a amar.
admita: ela perdeu o timing. naquela época o pop punk dava indícios de que voltaria a ser relevante e ela, como a maior figura feminina do gênero, estava mais do que afastada desse mundo. mas algum tempo depois, completamente DO NADA, ela retornou com o estilo que a fez se tornar conhecida no mundo inteiro, recuperando até seu ex-amigo skate para gravar vídeos com o tony hawk. oi?
isso me fez ficar pensativa. como acreditar na coerência artística de alguém que muda tão rápido? ela estava tão empenhada em deixar o passado para trás e fazer coisas novas, mas até agora continua surfando no hype da nostalgia, inclusive entrando na onda de esquetes engraçadinhas (que nunca foram a praia dela). pior que eu gosto. ela NASCEU para ser ROCKEIRA! mas me parece que agora tudo se resume a likes e engajamento. talvez o fato da edição de aniversário do under my skin ter sido esquecida no churrasco tenha a ver com isso.
em 2022, o antológico primeiro álbum da avril, let go, também fez 20 anos. fui pega de surpresa quando vi que ela havia liberado uma tiragem comemorativa, com algumas poucas canções extras. sinceramente, eu não esperava nada porque sei que esperar algo dela é complicated, mas fiquei feliz porque ganhamos alguma coisa. será que ela não ficou contente com a recepção? talvez algo voltado apenas para os fãs não dê tanto engajamento assim.
pulamos para 2024. em vez de lançar a tão esperada edição especial de under my skin, ela preferiu um disco de hits sem nada novo. tudo bem, ela tem muitos hits mesmo, mas será que na era dos streamings isso realmente é necessário? yotra: quais os critérios desse álbum? deixar músicas como hot de fora para colocar as do love sux tem sentido mesmo? arrisco a dizer que nem foi hit na bolha pop punk.
e por fim: a quem interessa calar a tiragem especial de under my skin? muitos podem argumentar que é porque esse foi o primeiro disco com a substituta da avril lavigne nos vocais, já que a verdadeira morreu em 2003 e ele deve ser amaldiçoado. mas eu, grande fã de teorias conspiracionistas, duvido muito. acho que ela é uma libriana muito preguiçosa. irônico, pois ela trabalha com arte. ela deveria gostar do que faz.
juro que não entendo. o álbum tem várias músicas descartadas que são amadas pelos fãs, os comentários do disco no last.fm CLAMAM por isso. avril lavigne, ouça seus fãs!
ouso dizer que under my skin é o melhor trabalho da avril. aquela adolescente skatista e metida com garotos encrenqueiros estava morta (talvez literalmente?), dando lugar a uma jovem adulta disposta a descobrir a própria sexualidade e a lidar com problemas mais profundos do que um braço deslocado por causa de um californication errado ou sei lá como chamam manobras de skate. ele mescla a sinceridade do let go com a diversão do the best damn thing muito bem. fora que a própria avril estava no auge de sua beleza. sério, eu não sei se quero ser ela ou me casar com ela.
ele ainda traz um elemento novo e eu diria que ainda inédito na discografia da diva: tristeza. é um álbum muito deprê e perfeito para ser ouvido na adolescência, por crias de famílias disfuncionais. se a sua é perfeita, sinto muito, mas você jamais entenderá o poder de under my skin. a avril lavigne escreveu cada uma das canções para nós, solitários, revoltados e depressivos.
sendo bem sincera, ninguém faz baladas como a avril, vide breakaway, que kelly clarkson transformou em um sucesso estrondoso.
o pensamento correto para se ouvir esse disco é: “se eu morresse, qual seria a reação das pessoas?” e aí ter uma crise de choro pensando nas possibilidades. é também escrever uma carta de despedida sabendo que você nunca teria coragem de ir embora. posso afirmar com tranquilidade que toda adolescente já assistiu ao clipe de nobody’s home e pensou em fugir de casa.
ninguém fez mais por mim do que o under my skin.
Minha opinião sobre ela ter voltado, repentinamente, pro pop punk, foi a influência do ex-noivo dela. Parecia que ela estava mais engajada na própria carreira quando estava com ele (infelizmente) e que agora está dormindo novamente enquanto faz uma turnê caprichada no eixo EUA-EUROPA e quando vem pro Brasil parece que quer fugir de cima do palco (não me entenda mal, Avril Lavigne sempre foi e sempre será a minha ídola, mas convenhamos, ela odeia os próprios fãs).
Under my skin é um dos meus álbuns favoritos da vida e sempre será. Ele é diferente de tudo que ela lançou e eu passei anos esperando o lançamento de um segundo álbum dela, na mesma vibe que ele, nunca tivemos... e infelizmente, a edição comemorativa dele parece estar bem longe :(
minha lore com esse disco foi que anos atrás em um camelô de rua eu comprei o cd de under my skin por 30 conto, que eu ia dar pra uma amiga minha fã da avril também. acabou que eu não encontrei ela, nunca dei o cd e ela foi super sacana comigo, então ainda bem que ficou pra mim!