quando taylor swift lançou folklore e evermore, ambos em 2020, ela surpreendentemente ficou ainda maior do que já era, conseguindo a aclamação da crítica especializada e conquistando fãs que antes torciam o nariz (eu era uma delas). a loirinha se arriscou no folk – um gênero que nunca havia experimentado –, escreveu canções com o coração e trabalhou com as pessoas certas. o resultado foi um projeto íntimo e coeso, de uma sonoridade e lirismo impecáveis. depois disso ela nunca mais foi Artista.
nunca liguei para a taylor swift, mas confesso que desde o início tinha a impressão de que ela namorava todos os homens famosos do mundo – isso, claro, era produto da misoginia da época. muitos anos depois, verifiquei a linha do tempo dos relacionamentos dela para propósitos jornalísticos e só haviam oito homens. conheço gente que beija mais que isso apenas em uma festa (e nada contra, que isso fique bem claro).
como você já sabe, eu não me importava com o one direction, mas conhecia pessoas que sim. depois que a loirinha se envolveu com o harry styles, fui informada sobre vários podres dela que infelizmente não lembro agora, mas foi-se criando um clima terrível que só piorou quando percebi que ela sempre enviava indiretinhas para seus desafetos (amorosos ou não) – uma atitude que eu, no auge da adolescência, já achava de uma imaturidade tremenda. “ah, mas homem faz isso e ninguém fala nada”. errrrr, diga por você. eu reclamo. é cafona.
existe uma atitude em particular na rainha do marketing que acho indefensável: ela nunca esclarece nada, sempre deixa nas entrelinhas. isso é um perigo quando lembramos que estamos falando dos swifties, cujo lema extra-oficial é “tudo é um sinal se você for louco o suficiente”. quem lembra de quando ela dirigiu o curta-metragem all too well (2021) para dar sua versão sobre o relacionamento com o jake gyllenhaal que àquela altura havia terminado há mais de 10 anos? o pobre coitado precisou desativar os comentários do instagram em função de fãs revoltados. até me surpreendi quando a querida, pela primeira vez na história, pediu para que não atacassem o john mayer durante o lançamento de speak now (taylor’s version), que tem inúmeras diretas ao pseudo-artista.
como toda estrela de magnitude mundial, a taylor swift é muito amada e odiada. só que ela até hoje não entende que esse é o preço da fama para qualquer um e que não acontece só com ela, a alecrim dourada. ela mesma expõe excessivamente a própria vida e depois faz trocentas músicas sobre o quanto é difícil ser famosa. mona, se preserve. se você não quer que ninguém descubra onde você mora, simplesmente não fale ou se mude para um lugar reservado. é óbvio que fãs bobalhões vão fazer vigília na frente da sua casa. se você não quer atrair haters, mude de profissão ou apenas pare de ligar para a opinião alheia. você é uma CANTORA DE MÚSICA POP, aceite!
bom, voltando a minha saga. muitíssimo tempo depois, já em 2017, esse artigo do buzzfeed causou danos quase irreversíveis à carreira da taylor swift. eu fui uma das pessoas que leu e concluiu que se tratava de uma loira azeda desprezível. posteriormente muito do que está escrito foi esclarecido e as coisas melhoraram para ela. eu até quase virei uma swiftie quando folkmore foi lançado, lembra?
nessa fase assisti ao documentário miss americana (lara wilson, 2020) e, mesmo estando um pouquinho cega de amor pela pensilvânia queen, não pude deixar de notar algumas coisas estranhas. a mulher é simplesmente OBCECADA por charts, premiações, vendas e dinheiro. a impressão que tenho é que ela só faz música para se sentir validada. por isso, gêneros como folk e country não sustentam seus desejos. ela precisa estar no pop para ser palatável para toda e qualquer pessoa, pois a necessidade de ser adorada por todo o planeta terra é extrema. uma pena, pois temo que ela nunca mais volte a ser a Artista que um dia foi.
esse discurso mostra o quanto a nossa loirinha é maluca pela opinião do público sobre o que ela faz ou deixa de fazer. ela está literalmente afirmando que mudou para ser aceita. um Artista faz isso? depois de mais de 20 anos de carreira, ela REALMENTE ainda precisa provar algo para alguém? ela precisa mesmo se sentir ameaçada por novos talentos, como a olivia rodrigo? sei que são boatos, mas é muito estranho observar uma pessoa ir da adoração à apatia completa.
taylor swift quebra recorde atrás de recorde e muitas vezes quebra um recorde que ela mesma já detinha. desculpe, mas nenhum número parece ser orgânico. como bem sinalizou esse tweet, como pode o maior debut da história não ser um hit? pra que fazer mil versões de um mesmo álbum? como assim um ingresso vip da the eras tour no brasil custa dois mil reais, se vem apenas um brinde mequetrefe? por que vender ingressos para locais absurdos, que ficam praticamente atrás do palco? ela está passando necessidade? ela quer AINDA MAIS dinheiro dos fãs?
todo cantor mainstream é uma empresa, mas só esse fato já nos diz muito sobre sua pessoa. em 2014, quando taylor swift lançou 1989, ter cd já era artigo de luxo. o álbum não estava disponível nos streamings e era impossível encontrar qualquer link para fazer download. os vídeos e fotos dos fãs eram sempre tirados do ar. hoje eles mesmos riem e dizem “ai ai, essa taylor nation era o cão”. eles nunca responsabilizam a taylor swift por nada da carreira dela, como se a empresa não tivesse o aval da própria.
para os swifties, a diva é uma grande injustiçada quando o assunto é posicionamento político. “ah, mas ela é obrigada a ficar calada pela equipe” – é isso que eles e a própria em miss americana alegam. mona, você é bilionária, já te disseram isso? demite essa galera. faça o que você quiser. você já passou dos 30. a maioria dos seus fãs são mulheres e gays, bora se posicionar. de um lado você tem a olivia rodrigo distribuindo camisinhas e pílulas do dia seguinte, além de falar abertamente sobre a legalização do aborto. do outro, uma isentona que aparece só quando a água bate na própria bunda.
a taylor swift posa de girlboss, mas não tem consciência de classe alguma. sei que o dinheiro importa numa indústria como essa, mas a mulher é bilionária. é até engraçado ver ela cantar the man sendo que ela é uma espécie de the man. nenhum bilionário vira bilionário sem explorar minorias. desculpe, mas isso é um fato.
depois da passagem dela pelo brasil em 2023, tudo mudou para mim. eu sempre vou olhar para a taylor swift e lembrar da ana clara benevides, que morreu de exaustão térmica DURANTE um dos shows no rio de janeiro. eu sempre vou olhar para a taylor swift e lembrar do show do dia 18 de novembro que foi adiado ao anoitecer, depois dos fãs passarem HORAS no sol e em contato direto com estruturas de metal. ela nem forneceu água grátis, foi a prefeitura. os dois casos só ganharam stories com notinhas escritas digitalmente com fonte para imitar a letra dela. ah, e o primeiro ainda com a falsa informação de que a morte teria ocorrido ANTES do evento. ela nunca veio a público para se corrigir.
os fãs tiveram que fazer vaquinha para pagar o translado do corpo da ana clara porque a taylor swift não deu um pio. “ah, mas se ela fizesse algo seria investigada”. e daí? quem não deve, não teme. mesmo após essa tragédia e com as temperaturas batendo recorde, ela continuou os shows e continuou com as pirotecnias repletas de fogo - o que aumentava ainda mais o calor. “ai, mas a multa seria milionária se ela cancelasse”. amor, a taylor é BILIONÁRIA, você ainda não entendeu? essa suposta multa não afetaria em nada a vida financeira dela.
lembro que o tópico xenofobia sempre foi muito abordado se tratando da taylor swift. saiu uma nota de que a mãe dela não a deixava vir para a américa latina por medo de “doenças”. depois do descaso no brasil, ler notícias como essa me dão um embrulho no estômago. talvez tudo seja verdade. talvez a taylor swift da era folkmore que me apaixonei nunca tenha existido. talvez tenha sido uma mera estratégia de marketing que durou pouco mais de dois anos e que agora deu lugar a um novo rebranding, que basicamente é a taylor swift que canta synthpop e que quer ser a número 1 para sempre. pergunto novamente: ela precisa mesmo disso?
falou o que eu sempre defendi... nunca que eu apoiaria alguém com atitudes tão xenofóbicas, racistas e elitistas como ela. o que mais me irrita é que ela e os fãs insistem em usar a cartada da misoginia para tudo, na tentativa falha de apagar seus erros. nunca, nunca, nunca NUNCA defenderei essa empresária. empresária, não artista
isso é tão reputation da sua parte.........