você já se deparou com o conceito “filmes de locadora”? provavelmente não porque eu acabei de inventar. eles têm aproximadamente 1h30min de duração, uma história bem previsível, uma trilha sonora repleta de pop rock e uma péssima nota no rotten tomatoes. apesar de não terem um gênero definido, na maioria das vezes tratam-se de romances heterossexuais.
e eles são a minha mais nova obsessão.
você deve estar se perguntando como cheguei até aqui. basicamente não gostei do vestido que comprei pra minha festa de formatura (dica: não compre sua roupa com 2 anos de antecedência porque você não vai ser a mesma pessoa daquela época). queria mesmo era ter ido numa vibe meio kat stratford, a protagonista de “10 coisas que odeio em você”: simples, sexy e elegante. ela é o meu mais novo ícone fashion e a culpada por me fazer querer um tamanco tijolão.
mas o que isso tem a ver? esse filme é um grande exemplo de “filmes de locadora” e, quando me dei conta, estava assistindo a “ela é demais” (1999) atentamente, pensando no quanto era estranho existir um outro filme com freddie prinze jr., matthew lillard e sarah michelle gellar além de “scooby doo” (o fred, salsicha e daphne, respectivamente). também fiquei encantada com aquele universo tão rico. e por “universo rico” você pode entender por “ser adolescente em 1999”.
alguns filmes de locadora segundo eu mesma:
✸ ela é demais (1999)
✸ space jam (1996)
✸ a nova cinderela (2004)
✸ de repente 30 (2004)
✸ escola de rock (2003)
✸ pânico (1996)
✸ as patricinhas de beverly hills (1995)
✸ as apimentadas (2000)
✸ sexta-feira muito louca (2003)
(aceito sugestões, estou sedenta por mais “filmes de locadora”).
um mundo plastificado porém colorido
o que me encanta nos “filmes de locadora” é a ambientação, principalmente dos quartos dos protagonistas. eles são tão bem feitinhos. você capta a essência do personagem só pela abertura, que mostra cada detalhe em close enquanto algum pop rock toca (assista ao clipe de “motivation”, do sum 41, é exatamente disso que estou falando). existe até um tumblr que reúne os quartos mais legais que já apareceram por aí, o teenage bedrooms on screen.
gosto desses cômodos porque eles são um produto daquele tempo graças à presença das mídias físicas. isso não poderia acontecer em 2024. hoje um vinil novo custa 300 reais, aproximadamente 10 pessoas compram dvds no brasil e apenas lunáticos como eu colecionam cds. já as revistas, coitadinhas, nem existem mais. rest in peace.
quando paramos de dar importância a essas pequenas coisas que tornam um quarto tão único e tão pessoal? eram tantos pôsteres, fotos, cds, dvds, discos de vinil e revistas que a gente se perdia. e eu acho isso lindo. se perder na própria confusão.
quando ganhei meus dois primeiros cds da vida (originais, é preciso esclarecer, pois piratas eu já tinha vários. VIVA A PIRATARIA!) foi um acontecimento. era quase como um ritual: abrir a embalagem com cuidado, ligar o aparelho de som, folhear o encarte e ler as letras enquanto o disco tocava. “rebelde” e “rebelde em português”. eram esses.
os dvds também tinham seu charme: os menus eram tão caprichados (depois desse vídeo, cujo título é “the lost art of dvd menus”, minha mente explodiu) e tinham vários extras. já as revistas vinham com matérias longas sobre assuntos importantes como a nova turnê da miley cyrus e nos davam de brinde pôsteres de boybands. era algo tão analógico e legal! por isso admiro muito do tiktok nineties_babyy. a dona dele vive em 1999! ela é genuinamente feliz! ela é tão original! ela coleciona tantas coisas! ninguém pode tirar isso dela. ninguém.
cds da minha coleção que mais tenho orgulho:
✸ live through this (hole, 1994)
✸ tragic kingdom (no doubt, 1995)
✸ spiceworld (spice girls, 1997)
✸ millennium (backstreet boys, 1999)
✸ britney (britney spears, 2001)
✸ kelly key (kelly key, 2001)
✸ under my skin (avril lavigne, 2004)
nota 1: teria orgulho de “rebelde” (2004) se não tivesse JOGADO FORA na minha fase roqueira. todos cometemos erros.
nota 2: se quiser me doar cds que você tem vergonha de ter, eu aceito!
you may say i’m a dreamer but i’m not the only one…
infelizmente o streaming é o produto da nossa época. ele MATOU a mídia física com a ajuda dos preços exorbitantes que cobravam por ela. e nós caímos feito patinhos.
com uma promessa de conforto e praticidade, acreditamos que poderíamos ter acesso vitalício a qualquer conteúdo desde que pagássemos uma mensalidade. mas aí começaram a tirar uma série daqui, um filme dali, um álbum acolá e hoje existem até obras que são impossíveis de encontrar pra assistir. seus streamings as retiraram do catálogo, não existe mais mídia física pra recorrer e muito menos torrent. simplesmente sumiram. e é por isso que você não deve confiar em grandes empresas.
apesar de tanta catástrofe, decidi que quero encerrar esta newsletter de forma positiva! como você deve ter percebido, o título deste tópico vem da canção “imagine”, dos artistas contra a pandemia da covid-19. assim como eles, eu também sou contra a covid-19. e sou uma sonhadora. sonho porque as notícias, por mais tímidas que pareçam, são animadoras:

e antes de dizer tchau, considere assinar a petição para a taxação zero de discos de vinil e cds. precisamos de pelo menos 5 mil assinaturas. ajude a aumentar minha coleção!
bye bye, aqui eu me despeço!
premonição é uma franquia 200% locadora
Essa newsletter me lembrou do cheiro de locadora. Da vibe de se sentir num mundo de universos paralelos (cada DVD contém um mundo diferente), e do geladinho do ar condicionado, da magia... da indecisão de qual filme escolher!! Saudades. Por favor voltem locadoras!!