#17 “coraline” e coisas que gostaria de ter descoberto antes
é URGENTE a necessidade da criação de uma máquina do tempo
pra ler & ouvir:
como boa leonina do primeiro decanato (e, portanto, meio canceriana também), idealizei demais a minha volta triunfal depois de 1 mês de sumiço. mas te pergunto: como posso voltar de maneira triunfal quando na realidade nunca fui a lugar algum? jamais abandonaria meu refúgio favorito que é esta newsletter que você está lendo, muito obrigada por isso.
mas, na falta de uma palavra melhor: VOLTEI. e voltei com uma notícia importantíssima: essa semana realizei o sonho de assistir “coraline” no cinema (se estiver passando perto de você, vá!). esse fato me fez pensar em tudo o que seria perfeito pra mim em algum momento do passado, mas que por motivos aleatórios eu não conhecia. “coraline” é um ótimo exemplo, mas tenho outros.
gostaria de reiterar que fiz essa edição na esperança da mini eu de algum universo paralelo encontrar essas dicas. espero que ela siga tudo o que estiver aqui.
★ lista de coisas que gostaria de ter descoberto antes ★
✸ “coraline” (o livro e o filme, mas principalmente o filme de 2009)
a coraline é muito do que fui na infância: uma menina solitária, sem ter com quem brincar e meio esquecida pela família. nós éramos revoltadas porque só queríamos um pouquinho de atenção, entende? todo o universo da história é mórbido porque… a realidade dela era tristinha. se eu chorei aos 20 e poucos anos quando assisti ao filme pela primeira vez, imagine ainda criança.
eu teria amado tanto o visual da coraline, repleto de roupas escuras, tons de azul, obsessão por estrelinhas e símbolo de espiral. também teria feito birra pra me deixarem pintar o cabelo de azul e teria virado noites salvando todas as fotos da coraline no saudoso weheartit. tenho certeza.
e agora eu te pergunto: o que eu estava fazendo de tão importante assim que me impediu de assistir ao filme naquela época? mas pra ver o tenebroso “2012” no cinema eu servi, né? que ÓDIO de mim mesma.
✸ tudo o que envolve “diário de um banana”
até os 13 anos é aceitável gostar de “diário de um banana” e eu estava na idade certa pra acompanhar os lançamentos dos livros e dos filmes em tempo real, mas fui burra. preferi sofrer por bandas cujos vocalistas tinham morrido de overdose de heroína há 50 anos em vez de me apaixonar pelo ator que faz o rodrick. sério, ele era meu tipo ideal.
acredito que pelo menos consegui compensar o vazio que os GRANDES ENSINAMENTOS de “diário de um banana” me trariam com “manual de sobrevivência escolar do ned” (quem lembra? tem grátis na pluto tv). conviver com pré-adolescentes é barra pesada, precisamos mesmo de filmes & séries que nos ensinem a fazer isso.
✸ livros sobre criaturas mágicas
tive uma fase fadinha que aproveitei bastante, mas não como deveria. minha dica: se você quer ser uma fada, leia livros como “a dança da floresta” e “o segredo de cybele”, da juliet marillier; “encantos do jardim”, da sarah addison allen; e “gnomos”, do wil huygen. se pudesse voltar no tempo, jogaria todos eles na minha cara. era o tipo de coisa que estava procurando naquela época: literatura SÉRIA sobre criaturas místicas.
✸ alanis morissette e todas as outras cantoras revoltadas
adolescente sofre muito, principalmente se sua paixonite for um homem hétero. e eu cometi um grande erro: ter meu coração partido com rock progressivo de trilha sonora.
nós mulheres precisamos de outras mulheres gritando e xingando homens nas músicas delas. exorcizar toda a dor, sabe? eu precisava de uma alanis morissette, uma liz phair, uma juliana hatfield, uma LUKA – e não king crimson. pelo amor de deus.
✸ era check it do cartoon network
aos 9 anos de idade estava aposentando minhas barbies pra cuidar dos meus fakes no orkut (em breve falarei sobre esse surto nacional). pouco tempo depois eu já nem assistia mais tv, uma pena.
pra quem não sabe, o cartoon network tem eras com características próprias. quando criança, estávamos no auge da era city e eu pude aproveitar um pouquinho quando fizemos gato na nossa tv. inclusive, olha que nostalgia:
mas acabou aí. não vivi a era check it que nos trouxe desenhos como “steven universo”, “o incrível mundo de gumball” e “hora de aventura”. eu estava na idade perfeita pra fazer da marceline minha musa maior! ela era tudo o que eu queria ser: vampira, roqueira e mórbida! e também tem um plus: 9 entre 10 crianças que eram obcecadas por cartoon network sabiam desenhar lindamente. queria ter sido uma criança artista…
✸ beach boys
como OUSEI passar a adolescência inteira apenas ouvindo “god only knows”, “wouldn’t it be nice” e as músicas da fase surf dos beach boys? que pecado. na minha cabeça imatura os rolling stones eram os rivais dos beatles, quando na realidade eram os beach boys. creio que se tivesse dado mais atenção a eles naquela época, a recepção teria sido parecida: me sentiria acolhida e compreendida (e é muito importante se sentir acolhida e compreendida na adolescência). quem diria que meninos praianos me proporcionariam isso?
e acho que é isso. embora acredite que seria muito massa ter descoberto essas coisas antes, creio que elas chegaram na hora correta. me enchi de outras coisas em vez delas. talvez eu não fosse quem sou hoje. talvez fosse alguém melhor, sei lá. arte CURA & ACOLHE. independente de qual seja, o importante é se encher dela. engraçado eu falar isso na mesma newsletter em que falei de “diário de um banana”, mas ok.
bye bye, aqui eu me despeço!
Eu preciso urgentemente ver esses desenhos mais "novos" da cartoon, fui burra e perdi o momento certo :/
ah, que saudade da era city do cartoon!!!!! 🤍 assim como você, não acompanhei a fase seguinte, mas vale muito a pena assistir às séries que surgiram dela. quer dizer, eu realmente só assisti gumball, que é INCRÍVEL MESMO. assista gumball gostoso demais.
mas é meio louco pensar nesse assunto, porque, sei lá, as coisas acontecem como deveriam e no tempo que deveriam. maior viagem.