vira e mexe o trecho a seguir viraliza em alguma rede social. nele, rita lee faz duras críticas a alguém antes de apresentar a canção tão. cada um tem sua teoria sobre quem despertou a ira da ruivinha (já que nunca foi oficialmente revelado), mas eu acredito ser a sandy. sim, a do júnior.
sinto que esse ranço começou quando a dupla de irmãos defendeu a prática dos rodeios no altas horas. ritinha, defensora de todos os animais da terra, estava presente e não deixou barato. eu não defendo rodeios, mas acho que a rita lee também me acharia uma chata de galocha. essa é uma das maiores tristezas da minha vida. como adoro me expor desnecessariamente, vou provar pra você.
analisemos, juntos, a letra de tão.
tão boazinha, tão certinha
tão discreta, tão correta
tão modesta, tão honesta
tão decente, tão boa gente
tão cordata, tão sensata
eu sou tão boazinha que chega DÓI. já me prejudiquei muito por não saber impor limites ou não fazer minha voz ser ouvida. ser tão certinha, discreta e correta pra passar despercebida e não causar problemas. ser cordata, nunca se opor. não queria ser a ovelha negra da família, embora eu sentisse que a revolta era inerente a mim. guardar raiva dentro de si é uma das piores coisas que existem, uma hora ela explode e… não é legal.
acredito que a modéstia tem um peso maior quando se é menina, if you know what i mean. o mesmo posso dizer da decência. os dois conceitos são super misóginos se pararmos pra pensar. mas lutei muito pra me encaixar nesse molde perfeito, sem saber bem o propósito disso.
acho que só não sou boa gente e sensata, pois, impossível diante das circunstâncias descritas.
tão risonha, tão idônea
tão sincera, tão galera
tão normal, tão legal
tão jovem, tão nobre
tão dotada, tão centrada
sou risonha, idônea, legal e centrada por motivos de sobrevivência. não chamar a atenção é o sonho de qualquer fóbico social como eu. logo, ser agradável é o mínimo que posso fazer pra passar despercebida. apesar dos pesares, sou normal, extremamente normal, a pessoa mais normal que você conhece.
não posso ser galera porque, como disse, tenho fobia social. de gente eu quero distância. também não sou dotada. assim como elena greco, personagem da elena ferrante, sempre fui a segunda em tudo e tudo bem (segredo nosso: nunca quis ser a primeira porque odeio ser o centro das atenções. eu só quero fazer parte dos backing vocals, pô). por último, não sou tão jovem assim (nesse momento o espírito de rita lee sussurra no meu ouvido e manda eu me foder).
tão gentil, tão servil
tão segura, tão doçura
tão cristã, tão irmã
tão na luta, tão enxuta
tão grata, tão exata
sim. gentil, servil, doce, irmã, grata. só de ler eu me canso. chata PACA. é aquele famoso instinto feminino de ser mãe, que de instintivo não tem nada, né? fomos ensinadas a bancar a mãe em qualquer situação. então “deixar pra lá” é uma forma de lutar silenciosamente contra a misoginia, pois não sou da luta, sou uma grande preguiçosa que só reclama e não faz nada efetivamente efetivo (aqui pode entrar mais uma música da rita que me identifico: maria mole). não sou segura, não sou enxuta e sou uma cristã que só sabe pedir (uma vergonha pra todos os verdadeiros cristãos).
tão tão tão
tão tão... chata, chata
tão chata, chata
chata, chata
tão chata, chata
chata, chata
sim, rita lee. essa sou eu. chata, chata, chata, chata. 100% annavoid.
e eu estou tão certa da minha opinião que, se a rita lee tivesse o azar de ler esta newsletter, ela diria: “se fazendo de coitadinha… tu é chata paca!”
observação: o motivo desta edição ter saído apenas para meus maiores fãs é justamente me blindar dos haters que com certeza comentariam “sim, essa é você!”, inclusive uma hater que eu chamo de amiga porque sou tão boazinha, tão chata. por favor, mintam pra mim nos comentários e me defendam de mim mesma porque eu não sei fazer isso e só complico a situação que eu mesma me coloquei. help, i need somebody!!!!!!!!!!!
sou seu fã.
annavoid vc precisa chutar pra fora da tua vida essa amiga hater aí... mó encosto